
Os gregos não só conheciam mas também distorciam a perspectiva, como fizeram com o
Pathernon (suas colunas não são eqüidistantes e nem uniformes para não serem “distorcidas” pelo expectador). Na Idade Média ela ficou esquecida no ocidente, mas no oriente estava sendo plenamente desenvolvida. No ano 1000, quando o matemático e filósofo árabe
Alhazen (
Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haitham em árabe: أبو علي الحسن ), na sua obra Perspectiva, pela primeira vez demonstrou que a luz projeta-se em formato cônico no olho humano. Mas Alhalzen estava preocupado apenas com a óptica, não com métodos de representação.
Fillipo Brunellesche¹, quando ao olhar para um
batistério octogonal (ao lado) e outros objetos em Florença percebeu que se transferisse esses objetos 3D para um plano 2D o tamanho aparente de um objeto diminui a medida que o observador se distancia dele. Além disso viu que as linhas inclinadas convergiam para um ponto de fuga. Surgi assim a PERSPECTIVA GRÁFICA tal qual a conhecemos hoje no ocidente, e bastava aos artistas Renascentistas fazerem amplo uso desse conhecimento, e elevarem a níveis incríveis, como Leonardo que escreveu em seu Tratado de Pintura sobre a perspectiva atmosférica. Esses dados não devem ser vistos de forma isolado como se o
Renascentismo estivesse surgindo do nada, duma “idade das trevas” mas, o que de fato ocorreu foi que a
Idade Média contribui muito e criou o “pano de fundo” para o Renascentismo (como se pode ver na
Catedral de Santa Maria del Fiore) , e isso se deu graças as Cruzadas, e depois quando os turcos atacaram Constantinopla e os eruditos bizantinos tiveram que fugir para a Itália e levaram consigo o profundo conhecimento da cultura helenística e os textos clássicos, e ainda por cima ensinaram o grego, abrindo assim novas portas de conhecimento.

Os chineses, que tem uma visão de mundo totalmente diferente dos ocidentais, não tinham essa preocupação “demasiada” com a representação “exata” das coisas, mas já demonstravam a perspectiva através da sobreposição de planos, como pode ser visto na pintura em seda
Ma Yüan (c.1200).
Podemos definir assim 3 tipos principais de perspectiva:
LINEAR, TONAL, E A SOBREPOSIÇÃO DE PLANOS.


Quanto a contribuição árabe ficou-se restrito aos escritos por muito tempo, visto que o Alcorão proíbe estritamente a representação de imagens humanas, mas seus desenhos de padrões geométricos
(arabescos) são belos e além disso deram a base para
M. C. Escher ¹ (1898 -1972) transcender todos os conceitos pré-existentes criando planos e construções impossíveis. Foi numa visita à Alhambra, na Espanha, que o artista conheceu e se encantou pelos mosaicos que havia neste palácio de construção árabe. Escher achou muito interessante as formas como cada figura se entrelaçava a outra e se repetia, formando belos padrões geométricos. Este foi o ponto de partida para os seus trabalhos mais famosos, que consistiam no preenchimento regular do plano, normalmente utilizando imagens geométricas e não figurativas,
como os árabes faziam por causa da sua religião muçulmana, que proíbe tais representações. (E conforme o profess
or Bülent Atalay, em seu livro A Matemática e a Mona Lisa, diz que a maioria das palavras com o sufixo al- são de criação árabe, exemplo: álgebra, álcool, almanaque, algorítimo e álcali ).
Conforme o título indica essa é apenas uma BREVE história, muito mais esteve envolvido, mas é um exemplo do conhecimento que compartilho com meus alunos no curso de desenho.
Eis aí a importância do diálogo entre culturas
diferentes e formas novas de ver as coisas.
Como usar essa técnica no desenho, na Apostila
Desenho, Linha, Luz e Sobra, dou alguns exemplos.
¹ Maurits Cornelis Escher foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints), que tendem a representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes.
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